Formas urbanas em mutação

Entrevista para a Revista Eptic

2014

Autores

Otilia Beatriz Fiori Arantes

Sinopse

Esta entrevista à Vera Pallamin (FAU USP), para o dossiê temático “Produção e midiatização do espaço urbano no capitalismo contemporâneo”, da Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (Eptic, jan-abril 2014), “Formas Urbanas em Mutação”, Otília Arantes fala sobre as transformações que vêm ocorrendo nas formas e apropriações dos espaços nas cidades, em especial nos grandes centros urbanos – transformações para as quais os antigos conceitos, como o de “espaço público”, não dariam mais conta, numa era de “formas urbanas extremas”. Segundo Otília, era de um novo urbanismo que, na verdade, é um antiurbanismo, ou algo que se situa para além do urbanismo: colapso da urbanidade que estaria por se alastrar por cidades que não obedecem mais a nenhum plano, salvo o de sua expansão sem limites, megalópoles que crescem e se autodestroem continuamente – os exemplos são principalmente as grandes cidades chinesas (estudadas por ela em seu livro  Chai-na, EDUSP, 2011), tanto quanto as grandes aglomerações do “planeta favela” (na expressão de M. Davis), ou seja, do gigantismo compulsivo das cidades factoides do oriente aos seus extremos patológicos, como a capital da Nigéria. Formas urbanas extremas que, obviamente, designam não apenas suas composições físico-espaciais com seus contrastes arquitetônicos, mas suas diferenças sociais abismais. Portanto, convergência de origem entre o hiperespaço das formas urbanas extremas e a geografia de uma “nova guerra” de cidades literalmente “sitiadas”.

Numa segunda parte da entrevista o tema proposto por Vera Pallamin é a economia política da cultura, quando a culturalização da cidade a que se assistiu a partir de meados do século XX, fez com a cultura não só se tornasse central na conformação dos fenômenos sociais, como igualmente a acumulação impulsionada pelo capital-informação se convertesse, numa economia-política da reprodução, em economia cultural. Respondendo à questão sobre a função do arquiteto neste contexto, Otília retoma seus argumentos sobre o papel que teria exercido a arquitetura aparatosa, especialmente dos equipamentos culturais, nas novas estratégias de “requalificação” dos espaços urbanos, numa era de prevalência da imagem. (Ver nesta plataforma, reunindo 3 textos da década de 1990, Cultura, poder e dinheiro na gestão das cidades).

Palavras-chave: Espaço urbano, espaço público, formas urbanas extremas, megalópole, cidades chinesas, Lagos, Warfare State, Mike Davis, Koolhaas, Jameson, economia cultural, cidade empresa, cidade-colagem, Olimpíadas, equipamentos culturais.

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